terça-feira, 22 de outubro de 2013

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Acreditar que hoje é possível legalizar a maconha no Brasil é uma grave miopia!

Vive-se no Brasil um momento de baixíssima percepção de risco em relação ao uso de todas as drogas, principalmente, sobre o uso da maconha e seu impacto no desenvolvimento dos adolescentes.

Desde 2006, com a nova tão lei de drogas, o clima tem sido de extrema permissividade, quase uma cegueira, infelizmente, reforçando uma velha e ineficaz dicotomia na área, o “tudo ou nada”. Existem tantos aspectos importantes, que vão desde a diferença entre o usuário recreacional e o dependente, o traficante, patrão ou empregado da indústria das drogas, às vezes dependente também, e ninguém enxerga que está tudo misturado, e sem saber o que se tem pela frente, como é possível aplicar uma lei, ou até mesmo criticá-la. Uma lei apenas resolverá a questão das drogas? 

Os países desenvolvidos que adotaram políticas mais flexíveis no século passado, já voltaram atrás e hoje regulam muito mais a oferta de drogas, avaliam continuamente o resultado e o mais importante, definem de forma rápida novas medidas para o bem estar comum. Eles enfrentaram e ainda enfrentam o aumento do consumo, o uso ainda mais precoce, o aumento da prevalência da dependência e de todas as suas consequências, como o aumento do consumo de outras drogas, o aumento de doenças sexualmente transmissíveis, e o mais grave, apontam para um perfil de vulnerabilidade, pois acometem indivíduos jovens, no auge de sua saúde física, capacidade laboral, com toda a vida ainda por viver. Mas que de repente, se viram mergulhados em uma nova guerra.

Pior ainda são os exemplos de países como o Afeganistão, com suas “cracolândias” de ópio e seus derivados. Por lá, as drogas estão no varejo disponíveis, o acesso é fácil e o preço muito baixo. Mas e por aqui? A miopia do sistema não permite enxergar o que diz a realidade e a Ciência das Drogas, que avançou muito nos últimos 30 anos que alerta continuamente para um conhecimento novo sobre um tema tão complexo. 

É preciso que os legalistas enxerguem que a cascata de eventos produzidos pela liberalização do uso de drogas em um país em desenvolvimento, muito jovem ainda, de dimensões continentais, onde não existe prevenção nem tratamento, e muito menos uma regulação adequada das drogas lícitas para adultos, pode ser ainda mais danosa que a política de guerra às drogas. E isto não significa voltar à repressão, mas urge a adoção de um tripé político para um dos problemas humanos mais antigos da história. 

Esclarecimento permanente, dentro de uma prevenção moderna, com foco no preconceito, diminuirá um pouco o abismo enorme existente entre o uso de drogas e o modelo de proteção para crianças e adolescentes brasileiros. Uma “política para o bem do Brasil”.

Não, ainda não dá nem para pensar na legalização. É preciso dirigir todos os esforços para promover o debate, realizar pesquisas, obter financiamento para implantar medidas de acordo com a cultura brasileira, revitalizando a ética coletiva e ao final de um longo prazo, definir com a aprovação da maioria dos brasileiros qual é a melhor política de drogas? Por onde começar? Enxergar “bem claramente” um dos princípios mais importantes da humanidade: respeitar o direito humano, principalmente das crianças, de não usar drogas!