terça-feira, 22 de março de 2016

ÁLCOOL COM ENERGÉTICO: UMA BOMBA QUE MATA!

Não é de hoje a moda entre os adolescentes de misturar energético com bebidas alcóolicas. Especialistas alertam para o perigo para a saúde dessa combinação explosiva, assim como para a bebida tomada pura, em excesso.
O álcool pode causar diversos problemas ao sistema nervoso central e tem consequências piores para os adolescents do que para os adultos. É o que afirma a psiquiatra e presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), Ana Cecília Marques. Ela explica que o álcool pode “provocar atrofia em áreas importantes do cérebro”, responsáveis pelo seu
O álcool afeta, também, o sistema cardiovascular, deixando as pessoas mais vulneráveis a um AVC (acidente vascular cerebral), que é o rompimento de artérias no cérebro. Um AVC pode deixar a pessoa com sequelas ou levá-la à morte.
Além de interferir na saúde, o álcool em excesso está associado a casos de violência, relação sexual desprotegida, entre outros.
Álcool e energético
A médica cardiologista e presidente da Socerj (Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro), Olga Ferreira de Souza, alerta que a mistura de álcool com energético pode levar ao aumento da pressão arterial, palpitações, arritmias cardíacas, AVC e morte súbita.
A cardiologista explica que os energéticos camuflam os sintomas de embriaguez, porque contêm estimulantes, como cafeína e taurina, que mascaram os efeitos do álcool. Assim a pessoa bebe mais e por mais tempo.
O álcool, depois de seu momento de euforia, causa um efeito depressor, levando a uma queda de entusiasmo e à sonolência. A cafeína do energético acelera osbatimentos cardíacos e produz hormônios, como a adrenalina, provocando riscos como arritmia e aumento da pressão arterial. O problema do jovem é que, geralmente, não faz check ups que revelam se ele pode ter alguma propensão a uma cardiopatia ou à pressão alta. Por desconhecer seu estado de saúde, o jovem corre muito risco ao consumir energético.
O consumo diário de cafeína recomendado para uma pessoa é 150 mg em 24h. Uma lata de energético tem, em média, 80 mg de cafeína. O jovem costuma consumir de duas a três latinhas de energético numa balada.
A cardiologista explica que não existe recomendação médica para o uso de energéticos e, infelizmente, não há restrições para a venda de energéticos, como ocorre com o álcool.
Uma pesquisa feita pela Unifesp demonstrou que a cafeína dos energéticos potencializa os efeitos do álcool no cérebro e pode causar envelhecimento precoce e a doenças degenerativas, como Mal de Alzheimer e de Parkinson.
A cardiologista alerta que “se for beber, que seja de forma moderada, pouca quantidade, evitando bebidas destiladas que possuem maior teor alcoólico”. É imprescindível beber água enquanto se consome bebidas alcóolicas para manter o corpo hidratado, já que um dos efeitos do álcool é desidratar as células. Também não se deve beber em jejum.
Um outro problema é que os adolescentes têm começado a beber cada vez mais cedo. Isso se deve, sobretudo, à falta de campanhas de conscientização voltadas para essa faixa etária alertando sobre os perigos do consumo de álcool e as consequências do seu uso.
Pais e jovens devem estar em alerta quanto ao uso de energético. Por terem a venda liberada, muitos adolescentes abusam do energético sem saberem das consequências danosas para o seu organismo.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Dependência química ainda é desafio: História de casal de usuários de crack, em Santos, aponta uma das lacunas deste problema: eles não conseguem atendimento integral

O polegar e o indicador da mão esquerda amarelados revelam a dependência de Roberto, nome fictício que será usado nesta reportagem para preservar a identidade do usuário de crack. Ele tem 36 anos e vive há mais de dez nas ruas de Santos. Ele e sua companheira, que também é moradora de rua e usa a mesma droga, saíam da Seção Núcleo de Atenção ao Toxicodependente (Senat), na Encruzilhada, quando relataram sua rotina a A Tribuna: há alguns meses o casal vai à unidade para se tratar contra o vício. Apesar do aparente esforço, Roberto diz que os dois não conseguem se manter limpos aos fins de semana, quando o Senat está fechado. “Sábado e domingo a gente guarda carro e usa o dinheiro (que ganha) para comprar crack”. O Senat também não funciona à noite, quando Roberto e a companheira voltam para a marquise na esquina das ruas Silva Jardim com a Xavier Pinheiro. A presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad), Maria Tereza Spagna Louzano, reconhece que o atendimento ao dependente químico em Santos precisa melhorar. Diz que a entidade tem trabalhado em conjunto com a Prefeitura. Ela acredita que casos como o de Roberto serão mais assistidos com a inauguração do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps AD) na Zona Noroeste. “Ele (Caps AD) já está pronto, mas a Prefeitura informou que por problema de Recursos Humanos ainda não inaugurou. A expectativa é que isso aconteça até julho”.

AVANÇAR
A psiquiatra e professora da Unifesp, Ana Cecília Marques, afirma que os modelos de tratamento aos dependentes químicos em todo o País precisam avançar. De acordo com ela, há a necessidade de uma ação conjunta, que comece na Atenção Básica de Saúde. “Temos que evitar que esses dependentes de álcool e drogas cheguem na rua, porque quem está na rua, está no fim da linha”, diz ela, que também é coordenadora do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

ATENÇÃO BÁSICA
Para ela, o primeiro passo é identificar a dependência química ainda na Atenção Básica
de Saúde. “Na hora que o paciente entra na unidade de Saúde, do mesmo jeito que ele mede a pressão, é só perguntar se ele fuma, bebe, ou usa droga”. Segundo Ana, esse é um procedimento ignorado em todo o Brasil, até pelos agentes comunitários de Saúde, em cuja ficha de trabalho há um espaço para preencher essa informação. Detectar a dependência precocemente, significa impedir que ela evolua. Para saber os resultados dessas medidas, Ana integra um grupo de pesquisa da Unifesp, que há dez anos adotou a prática em Tarumã, cidade com 12 mil habitantes no Centro Oeste do Estado. Agora o projeto entra na etapa de avaliar resultados.

IMEDIATO
Ana Cecília acredita que esse cuidado na Atenção Básica produza resultados
a longo prazo. De imediato defende uma coalizão que envolva toda a comunidade e não deixe apenas nas mãos da escola o assunto. “A prevenção na família deve ser urgente. Tem que ser uma prevenção universal, cuidando do adolescente e da criança, dando o exemplo, mudando o comportamento”, finaliza.



Ana Cecília Marques e o Nemt



SERVIÇO ESPECIALIZADO

Crianças de Tarumã ganham atendimento preventivo através do Nemt. Objetivo é ter no futuro uma adolescência mais saudável. É um dos únicos programas dessa especialidade que existe a nível mundial, diz a médica Ana Cecília Marques.

As crianças de Tarumã com necessidades especiais e que apresentam algum tipo de problema persistente na escola, vão receber atendimento especializado do Nemt (Núcleo Educacional e Multidisciplinar de Tarumã) a partir de 2016, e não justifica mais encaminhá-las para a Apae, em Assis, correndo risco de acidentes em viagens
numa estrada (SP 333 com tráfego de 9 mil veículos/ dia) com volume de tráfego pesado e muito elevado. A informação foi dada pela médica psiquiatra e mentora do projeto Periscópio, drª Ana Cecília Marques, beneficiando 60 crianças. Ela explica que o Nemt, broto do Periscópio, que já faz a prevenção contra uso de drogas, mobilizando cuidadores de toda a comunidade na fiscalização, já dispõe de uma estrutura técnica e especializada para oferecer esses serviços com qualidade, evitando o deslocamento até Assis diariamente.

AVALIAÇÃO
Segundo a drª Ana Cecília, “a partir da demanda avaliada, pesquisada, com crianças com problemas de aprendizagem, problemas de humor e familiares, enfim de crianças adoecidas na escola que emergiam na classe, nós construímos todo um levantamento para avaliar a taxa de problema que as crianças apresentavam e diante disso, com a comprovação da necessidade, pleiteamos junto ao prefeito Jairo da Costa e Silva e a secretária da educação Luciene Garcia Ferreira e Silva para que fosse construído um sonho que já era acalentado há muitos anos, mas agora com dados reais, contando com o apoio da Câmara, a criação de um Núcleo Educacional de Atendimento Multiprofissional dessas crianças que estão ligadas a escola. Esse núcleo tem um médico especialista na psiquiatria infantil, uma fonoaudióloga, um psicólogo e uma psicopedagoga que juntos abordam a criança que emerge da escola com problema persistente. Não é um probleminha que a criança apresentou naquele mês. Mas um problema que a própria psicopedagoga da escola já detectou junto com a professora e que se mantém ao longo do semestre e a criança não consegue evoluir. Isso demonstra que apesar da adaptação da criança ao ambiente escolar, deve apresentar um problema mais profundo e por esta razão deve ser submetida a uma avaliação mais aprofundada, que o núcleo vai oferecer”.

LEVANTAMENTO
A médica disse que foi feito um levantamento e que “temos pelo menos 60 crianças em tratamento hoje, que passam pelo fonoaudiólogo, reabilitam a linguagem; passam pela terapia e habilitam as suas realidades sociais pelo médico e psicopedagoga, e com isso em breve, no ano que vem, já que o Nemt é um broto do Periscópio, já devemos ter o resultado mostrando a eficácia da intervenção.” O Núcleo Multidisciplinar Saúde e Educação, inclusive com verbas consorciadas das secretarias que envolvem essa questão, otimizadas, a gente não esbanja dinheiro aqui no núcleo e tudo é baseado em dados previamente detectados, e que acredito que deve proteger essas crianças, alinhavou a drª Ana Cecília. Ela própria indaga: “Porque essas ações preventivas de saúde da criança são tão importantes? Porque todas as pesquisas no mundo, e são poucas, apontam para esse fator de adaptação escolar, seja na aprendizagem ou pela desordem do humor, ou comportamental, é o fator que pré dispõe problemas na adolescência. Quando a gente minimiza o dano, interrompe esse processo, a gente quase que está mudando o destino da criança, porque ela vai ter uma adolescência mais saudável e com menos fatores de risco envolvidos, entre eles, beber precocemente. Essa ação preventiva é das mais relevantes e a gente pode contar nos dedos de uma mão, onde é feito no mundo esse tipo de trabalho, e é feito aqui em Tarumã”, assinala sem deixar esconder a sua satisfação como médica, dos resultados obtidos com esse programa.

Fonte: Revista Correio Assissense p. 5, Assis 2 a 8  marco, 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

ENTREVISTA: Projeto Periscópio

Entrevista: Dra. Ana Cecilia Marques fala sobre o projeto Periscópio. O Projeto “Periscópio” surgiu da necessidade de implantação de Políticas Públicas no município de Tarumã, direcionadas ao uso indevido de drogas.